Por André Rosas
Terapeuta
Psi do Esporte
Esp. Treinamento Esportivo
No universo esportivo, a busca por excelência e resultados muitas vezes é acompanhada por um elemento constante: a pressão. Atletas, independentemente do nível em que competem, lidam com expectativas externas — de treinadores, familiares, torcedores — e internas, oriundas do desejo de superação e desempenho. Contudo, quando essa pressão ultrapassa certos limites, ela pode sufocar o prazer de praticar o esporte e corroer a felicidade que inicialmente motivou a prática esportiva.
É comum que atletas relatem perda de motivação e entusiasmo quando se sentem constantemente julgados por seus resultados. Quando o medo de falhar substitui a vontade de jogar, competir ou simplesmente se expressar por meio do esporte, o prazer que antes era intrínseco se transforma em ansiedade. A felicidade no esporte, portanto, está intimamente ligada ao equilíbrio emocional e à capacidade de lidar com a pressão de maneira saudável.
Estudos demonstram que o bem-estar subjetivo de atletas está diretamente associado a ambientes esportivos que promovem apoio emocional, autonomia e propósito (Ryan & Deci, 2000). Quando esses elementos estão presentes, o atleta tende a se sentir mais satisfeito e resiliente diante das adversidades. Por outro lado, ambientes excessivamente controladores e centrados em resultados podem levar ao burnout e à desistência precoce do esporte (Gustafsson et al., 2011).
Para manter a felicidade no esporte, é fundamental que atletas (e seus treinadores) reflitam sobre a origem das pressões que enfrentam e cultivem um ambiente que valorize o processo, não apenas o resultado. Reconectar-se com os motivos pessoais que levaram à prática esportiva — o prazer do jogo, o companheirismo, a superação pessoal — pode ser um passo poderoso para retomar o equilíbrio entre desempenho e bem-estar.
Referências:
* Ryan, R. M., & Deci, E. L. (2000). Self-determination theory and the facilitation of intrinsic motivation, social development, and well-being. American Psychologist, 55(1), 68–78. [https://doi.org/10.1037/0003-066X.55.1.68](https://doi.org/10.1037/0003-066X.55.1.68)
* Gustafsson, H., Hassmén, P., Kenttä, G., & Johansson, M. (2011). A qualitative analysis of burnout in elite Swedish athletes. Psychology of Sport and Exercise, 9(6), 800–816. [https://doi.org/10.1016/j.psychsport.2007.01.004](https://doi.org/10.1016/j.psychsport.2007.01.004)
Uma resposta
Concordo plenamente, e digo mais: a cobrança só deve acontecer quando o atleta está o mínimo preparado tecnicamente, taticamente e principalmente no entendimento do jogo. E infelizmente muitas das vezes a cobrança chega antes.