Por André Rosas
Terapeuta TRG
Esp. Psi. do Esporte
Esp. Treinamento Esportivo
A transição de carreira esportiva representa um dos momentos mais delicados na vida de um atleta. Encerrar a trajetória nas competições vai muito além de deixar os treinos e os torneios — trata-se de reconfigurar uma identidade que, muitas vezes, foi construída desde a infância. O rompimento com a rotina esportiva pode desencadear sentimentos de perda, insegurança e desorientação.
Muitos atletas enfrentam sérias dificuldades de adaptação após o fim da carreira esportiva. A ausência dos antigos rituais, do reconhecimento social e da estrutura do alto rendimento pode gerar impactos psicológicos significativos, como ansiedade, depressão e baixa autoestima. Além disso, a falta de preparo para o mercado de trabalho não esportivo amplia o desafio, tornando a reinserção social e profissional ainda mais complexa.
Diante disso, o planejamento prévio para o pós-carreira se mostra essencial. Preparar-se para essa transição ainda durante o período competitivo — por meio de formação acadêmica, desenvolvimento de outras habilidades e reflexão sobre novos propósitos — pode suavizar o impacto da mudança.
A atuação de profissionais especializados é igualmente indispensável nesse processo. Psicólogos do esporte, orientadores de carreira e assistentes sociais podem oferecer suporte emocional, estratégias de adaptação e orientação prática. A literatura científica reforça essa necessidade: segundo Taylor e Ogilvie, a transição de carreira esportiva é um evento potencialmente estressante, que exige intervenções planejadas e acompanhamento profissional para promover o bem-estar e a reintegração dos ex-atletas à vida cotidiana.
Portanto, embora o fim da carreira esportiva represente um desafio significativo, com preparo, apoio e orientação, ele também pode ser o início de uma nova fase tão rica e significativa quanto a vivida nos tempos de competição.
