Silenciosa e muito comum, a hipertensão arterial é uma condição que atinge boa parte da população brasileira: segundo o Ministério da Saúde, estima-se que mais de 30% da população adulta sofra dessa doença.
Muitas vezes, o diagnóstico demora a ser feito, mas seus efeitos se acumulam ao longo do tempo e podem comprometer órgãos vitais como coração, cérebro e rins. A boa notícia é que a prática regular de exercícios físicos tem um papel fundamental tanto na prevenção quanto no controle da doença.
Thiago Siqueira, profissional de Educação Física e coordenador fitness da Bodytech Tirol, em Natal, aponta que existem evidências científicas que mostram como os exercícios ajudam a reduzir os níveis de pressão arterial, tanto imediatamente após a prática quanto a longo prazo.
Entre os principais benefícios apontados por Thiago, estão a melhora do fluxo sanguíneo, a regulação do sistema nervoso e o remodelamento dos vasos sanguíneos, que se tornam mais largos e eficientes. Além disso, o exercício ajuda no controle do estresse e do peso corporal, dois fatores de risco diretos para a hipertensão.
Mas ele faz um alerta: “treinar com intensidade acima da recomendada ou sem supervisão pode ser perigoso, especialmente para quem já tem diagnóstico de hipertensão. Por isso, a importância de ter um plano de treino com base em uma anamnese completa, analisando histórico médico, medicação, hábitos de vida e sinais de alerta”, explica.
Segundo Thiago, a recomendação para hipertensos é praticar pelo menos 150 minutos de atividade moderada por semana, como caminhadas, natação, ciclismo e musculação leve. “O ideal é que o aluno consiga conversar durante o exercício sem ficar ofegante, esse é um bom indicativo de que a intensidade está adequada”, orienta Thiago.
Diagnosticada com hipertensão há 10 anos, a pediatra Ilka Batista, aluna da academia, intensificou sua rotina de treinos por recomendação médica. Hoje, é assídua das aulas de musculação e cardio e relata mudanças significativas na saúde e na qualidade de vida. “Minha motivação para treinar é a saúde. Com os treinos, consigo controlar meu peso, dormir melhor sem medicação e manter minha pressão em níveis normais. Às vezes chego desanimada, mas bastam 10 minutos de treino para eu já sentir disposição”, conta.
Ilka treina musculação três vezes por semana e faz atividades cardiovasculares de três a quatro vezes. “Para quem ainda não começou, eu digo: comece agora! Treinar é um investimento pessoal em saúde e qualidade de vida”, aconselha.
A cardiologista Micheli Madeira reforça o que Thiago e Ilka já vivem na prática: os exercícios são fundamentais para quem quer evitar ou controlar a pressão alta. “A atividade física melhora a elasticidade dos vasos, reduz a resistência vascular periférica e fortalece o coração, que passa a bombear o sangue com mais eficiência”, explica.
Ela lembra, no entanto, que o início da prática deve ser feito com responsabilidade. “O ideal é que o paciente esteja com os exames em dia e em uso regular das medicações. Exames como eletrocardiograma, ecocardiograma e teste de esforço ajudam a garantir a segurança na hora de iniciar os treinos.”
Micheli também alerta para sinais que podem indicar descontrole da pressão. “Tontura, dor de cabeça, dor no peito, arritmias ou mal-estar durante os exercícios são motivos para interromper a atividade e procurar avaliação médica”, finaliza.
A hipertensão pode até ser silenciosa, mas os benefícios da atividade física falam alto. Com orientação adequada, acompanhamento médico e disciplina, é possível prevenir, controlar e até mesmo reduzir o uso de medicação.