Três décadas depois de se envolver no conflito armado com o Iraque, que ficou conhecido como ‘Guerra do Golfo’, os Estados Unidos voltam a travar uma batalha com países da região do Oriente Médio. Mas, desta vez, a “guerra” é pela hegemonia do futebol.
Pesados investimentos em contratações milionárias e aquisições de clubes nos últimos meses, mostram que EUA, sede da próxima Copa do Mundo (2026), e países árabes, como a Arábia Saudita, que pleiteia a sede do Mundial de 2034, não estão para brincadeira.
Ídolos e expoentes do futebol mundial nos últimos 15 anos, Messi, agora no Inter Miami, e Cristiano Ronaldo, jogador do Al-Nassr, encabeçam a lista de estrelas que reforçam os clubes das ligas nacionais, americana (Major League Soccer – MLS) e saudita (Saudi Pro League).
Benzema, Kanté e Koulibaly são outros nomes de destaques no futebol europeu que já se transferiram nessa janela de meio de ano para a Arábia Saudita. O reino dos sauditas ainda está empolgado com a boa participação da Seleção na última Copa, no Catar.
China e Japão
EUA e Arábia Saudita seguem o mesmo caminho de Japão e China, que tentaram popularizar o futebol em seus países. Os japoneses ainda conseguiram algum êxito (muitos brasileiros ainda jogam na liga nipônica), mas os chineses parecem ter desistido de virar uma potência no futebol.
A diferença é que americanos e árabes ultrapassaram as fronteiras de seus países, investindo, também, em clubes europeus, por exemplo. Hoje, os principais clubes do mundo estão em suas mãos.
O Abu Dhabi United Group, que pertence a família real da capital dos Emirados Árabes é acionista majoritário do City Football Group (CFG), que possui em sua carteira o campeoníssimo Manchester City e mais 11 clubes pelo mundo, incluindo o Bahia.
O Silver Lake Partners, empresa de investimento de risco com sede na Califórnia, é dona de 18% do CFG. Dos 20 clubes que disputaram a Premier League, 10 pertenciam a grupos de investidores americanos. A Liga Inglesa de Futebol ainda conta com um consórcio liderado pelo Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita, que comprou, em 2021, o Newcastle.
Dentro de casa, no entanto, há algumas diferenças básicas entre americanos e sauditas. Enquanto na MLS não há rebaixamento e os donos dos clubes se voltam para a sustentabilidade financeira e formação de atletas, na liga saudita o objetivo é ter um ganho de imagem (sportswashing) através do esporte, sem teto de gastos para os xeques. Nos EUA há teto de gastos.
Agora, é aguardar para ver se essas duas nações sem tradição no futebol podem, virar novos polos do futebol – para felicidade da FIFA – ou se seguirão o mesmo caminho dos chineses, depois de um período de investimentos e empolgação.