No cenário do futebol brasileiro, um esporte que movimenta bilhões de reais e emprega milhões de pessoas direta e indiretamente, a ausência de uma arbitragem profissionalizada permanece como uma lacuna evidente e preocupante.
Em 2024, Wilson Luiz Seneme, então diretor de arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), buscou implementar a profissionalização dos árbitros e solicitou investimentos ao presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues Gomes. Contudo, suas iniciativas não obtiveram o respaldo necessário, culminando em sua substituição por Rodrigo Martins Cintra, ex-árbitro cuja performance foi criticada por especialistas, incluindo o comentarista Arnaldo Ribeiro, que o descreveu como “ruim” e “arrogante” em análise no Canal UOL.
Durante a gestão de Seneme, observou-se uma melhora na qualidade da arbitragem no segundo turno do Campeonato Brasileiro de 2024, embora ainda tenham ocorrido lances polêmicos. A introdução do Árbitro de Vídeo (VAR) trouxe a expectativa de reduzir erros, mas, paradoxalmente, tem sido alvo de críticas por decisões controversas, evidenciando a necessidade de profissionais mais preparados e dedicados exclusivamente à função. O lance que gerou o pênalti para o Palmeiras contra o Sport, na noite deste domingo, 6 de abril, pela segunda rodada do Brasileirão 2025, trouxe à tona a questão da arbitragem e do VAR.
Exemplos Internacionais de Profissionalização
Enquanto o Brasil ainda debate a profissionalização de seus árbitros, outros países já implementaram sistemas que podem servir de modelo. No Reino Unido, por exemplo, a Professional Game Match Officials Limited (PGMOL) foi estabelecida em 2001 para gerenciar e profissionalizar a arbitragem nas principais ligas inglesas, incluindo a Premier League.
Nos Estados Unidos, a Major League Soccer (MLS) e a Federação de Futebol dos EUA criaram, em 2012, a Professional Referee Organization (PRO) com o objetivo de aprimorar a qualidade da arbitragem nas ligas profissionais do país.
A implementação do VAR também levanta questões sobre a função dos assistentes de linha, tradicionalmente conhecidos como bandeirinhas. Com a tecnologia assumindo parte de suas responsabilidades, já deveria estar em discussão a possibilidade de adotar um modelo com dois árbitros em campo, semelhante ao utilizado no futsal, para melhor cobertura das jogadas e decisões mais precisas (o impedimento ficaria à cargo do VAR).
A profissionalização da arbitragem no Brasil não é apenas uma questão de acompanhar tendências internacionais, mas uma necessidade premente para assegurar a integridade e a qualidade do futebol nacional. Investir na formação e dedicação exclusiva dos árbitros é fundamental para reduzir erros, aumentar a credibilidade das competições e alinhar o país às melhores práticas globais no esporte.