Por Marcelo Xavier*
O esporte sempre foi parte vital da formação humana. Além do desenvolvimento físico, contribui no campo social e emocional dos indivíduos, sejam estudantes ou não. Contudo, no contexto escolar, a prática esportiva assume papel constitutivo, de modo que prepara jovens tanto no sentido físico, quanto disciplinar e social. Mais que isso, o esporte é um caminho profissional e, neste sentido, as Olimpíadas são o ápice deste espírito esportivo.
O esporte escolar é fundamental na formação do cidadão. Não bastassem os grandes benefícios para saúde e condicionamento físico, é no esporte que a criança começa a lidar com a explosão de alegria das vitórias, mas com o antagônico sentimento de frustração dos momentos de derrota. Também no esporte, a criança vivencia a experiência de perceber que o sucesso coletivo é mais importante que as conquistas individuais.
Mas de que forma o maior show do esporte mundial pode influenciar na vida dos estudantes? As Olimpíadas são o ápice da celebração esportiva e, com o evento, a noção da magnitude é criada em torno da competição, seja individual ou coletiva. Tudo está lá: emoções à flor da pele, limites colocados à prova, uma nova manobra, um novo recorde quebrado, a corrida no quadro de medalhas. Todos os acontecimentos escancaram a enormidade das Olimpíadas.
Neste sentido, não se trata do esporte, mas da noção de superação humana, no sentido mais latente do termo. Todos buscamos em algum ponto da vida, ultrapassar limitações.
Para além do cenário aspiracional, o esporte é um benefício físico, seja no fortalecimento e manutenção da musculatura, seja por meio da corrente de hormônios. Na prática combate a obesidade, equilíbrio motor, fortalecimento do sistema cardiovascular. No campo mental, reduz níveis de estresse e ansiedade, melhora a concentração e aumenta a autoestima. Benefícios essenciais para o desempenho acadêmico ao longo da jornada estudantil.
Para a maioria, o primeiro contato com o esporte acontece na escola, neste espaço ocorre a construção do aprendizado sobre trabalho em equipe, vitórias e derrotas, e do respeito às regras e adversários; valores fundamentais para formação do caráter. É um excelente momento para criança experimentar seja nas aulas de educação física, seja nas atividades extraclasse, uma variedade de atividades, de modo a identificar seus esportes do coração, que serão motivadores para prática física ao longo da vida ou até, quem sabe, para descobrir talentos que as levem, um dia, a atingirem a elite daquele esporte.
Apesar de óbvio, a infraestrutura das escolas brasileiras com relação à prática esportiva está longe de ser ideal. Deficiências, que impactam diretamente no desenvolvimento físico e acadêmico dos alunos, são percebidas ao longo de todo o território nacional. Dados recentes mostram que apenas 4,5% das escolas públicas do país possuem a infraestrutura prevista em lei, de acordo com o Plano Nacional de Educação (PNE). Aspecto que escancara o distanciamento entre o ensino público do privado, uma vez que é bem mais comum encontrarmos estrutura adequada para prática de esportes nas escolas particulares.
Um outro estudo, a “Pesquisa Nacional da Educação Física”, de 2023, mostra que 80% dos professores ouvidos acreditam que a estrutura para aulas de educação física necessita de melhorias.
Investir em infraestrutura para a prática esportiva nas escolas é essencial para promover a saúde e o bem-estar dos estudantes, melhorar o desempenho acadêmico, proporcionar uma formação integral e contribuir, enquanto sociedade, para minimizar as discrepâncias resultantes da desigualdade social.
Incorporar, de forma comprometida, o esporte na educação é uma estratégia indispensável, urgente e necessária para formar cidadãos íntegros, saudáveis e competitivos, no sentido mais amplo da palavra.
*Diretor pedagógico da Rede Inspira de Educadores