Caio Bonfim é a personificação da resiliência. Encarou por anos ofensas machistas enquanto treinava nas ruas de Sobradinho, no Distrito Federal. Enfrentou sol, chuva, quilômetros e quilômetros de treinos e competições mundo afora tentando levar a marcha atlética do Brasil onde ela nunca tinha estado. Hoje, o filho de Gianetti e João, também marchadores, chegou aonde sempre mereceu: no pódio olímpico.
A conquista da inédita prata olímpica para o nosso país veio na prova masculina de 20km dos Jogos Olímpicos Paris 2024, quarta edição do evento em que Caio compete. Nesta quinta-feira ele cobriu o trajeto em 1h19min09, ficando atrás apenas do equatoriano Brian Daniel Pintado, campeão com 1min18s55. O espanhol Alvaro Martin completou o pódio.
“Medalha no Brasil, na marcha atlética, não tem cor. Quando eu passei a linha de chegada no Rio, eu pensei se teria outra oportunidade de disputar os Jogos. Tive muito orgulho daquele quarto lugar. Abriu muitas portas. Na minha cidade, brinco que antes da Rio 2016 eu era xingado quando marchava. Depois de lá, mudou. As buzinas vinham seguidas de ‘vamos, campeão’. Quando meu pai me chamou para marchar pela primeira vez, eu fui muito xingado naquele dia. Era muito difícil ser marchador”, disse.
Caio Bonfim fez sua primeira participação nos Jogos em Londres 2012, na 39ª colocação. Na Rio 2016, em casa, bateu na trave, terminando em quarto lugar. Em vez de lamentar o “quase”, ajoelhou e apontou para o céu em gratidão. Em Tóquio foi o 13º colocado. Nunca deixou de lutar e teve nos Campeonatos Mundiais a confirmação de que sempre este no caminho certo. Ele foi bronze em Londres 2017 e Budapeste 2023.
“Eu não sei dizer para vocês o que significa isso tudo. Não estou acostumado a ser chamado de medalhista olímpico. Sempre foi um sonho. Eu sou de Brasília. Eu cresci com Joaquim Cruz. A nossa bolsa atleta ela começou por causa do resultado dele. E hoje eu tenho uma medalha igual a ele. É um momento especial que representa todos esses anos. Olimpíada não representa apenas um ciclo olímpico. É toda uma vida”, completou Caio, emocionado.
COB