Além dos benefícios para o corpo humano, a promoção do esporte também é benéfica para o desenvolvimento social de comunidades e jovens em situação de vulnerabilidade social. Conforme explicita o estudo “A prática esportiva como ferramenta educacional: trabalhando valores e a resiliência”, o esporte se caracteriza como uma ferramenta psicossocial educativa para jovens, principalmente para o ensino de valores cidadãos e resiliência.
A promoção do esporte amador traz relevantes benefícios socioeconômicos, em especial com a organização de competições nas comunidades. A maior competição de futebol não profissional do mundo, por exemplo, acontece na Bahia e é realizada pela Federação Baiana de Futebol. O Campeonato Intermunicipal de Futebol Amador começou 1957 e hoje conta com 60 seleções, divididas em 16 grupos. A competição, que normalmente tem duração de 4 meses, ajudou a revelar grandes talentos do futebol, como Bobô (Seleção de Senhor do Bonfim), Júnior Baiano (Seleção de Poções) e Edílson Capetinha (Seleção de Castro Alves), que chegaram a jogar na Seleção Brasileira.
Nesse contexto, a especialista em eventos esportivos Moara Miranda destaca a importância de promover projetos voltados para o esporte amador. “O esporte amador promove a saúde e o bem-estar pois estimula hábitos saudáveis desde cedo. Através de programas de esporte em comunidades, crianças e jovens de regiões menos favorecidas têm a oportunidade de acesso ao esporte, o que muitas vezes representa um caminho para fugir da violência, das drogas e da exclusão social. O esporte oferece valores importantes, como disciplina, trabalho em equipe e resiliência”.
A organização de eventos esportivos amadores também traz benefícios econômicos, movimentando a economia local, desde a criação de empregos temporários até o aumento do comércio, ao atrair espectadores para os jogos. Outro ponto é a criação de uma base sólida de talentos e aficionados que ajudam a fortalecer o cenário esportivo local e nacional, fator que pode contribuir para a formação de novos atletas.
O esporte também é benéfico à saúde pública, principalmente ao se considerar a estimativa da OMS de que 81% dos adolescentes não se exercitam o bastante. A prática de atividades físicas, desse modo, configura-se como uma alternativa eficaz para a melhora do bem-estar e da saúde física da população no geral.
O estudo “Prática de atividade física para controle de diabetes, hipertensão e obesidade da população adulta na Atenção Primária à Saúde”, produzido pela Fiocruz Brasília e pelo Instituto de Saúde de São Paulo, confirma essa melhora ao detalhar que o aumento da atividade física reduz hospitalizações e custos relacionados ao tratamento de doenças crônicas. A prática regular de exercícios ainda reduz o sobrepeso e a obesidade, minimizando também os gastos com internações e medicamentos.
A especialista, com participação nas Olimpíadas de 2016 e nas Copas do Mundo masculina e feminina de 2014 e 2023, respectivamente, comenta que estimular o esporte é benéfico para o país, seja pelo desenvolvimento social gerado, mas também para a descoberta de novos talentos. “Estimular que jovens participem de atividades é essencial tanto para uma boa saúde, quanto para o fomento ao desenvolvimento esportivo no país. Muitos atletas de destaque começaram suas trajetórias no esporte amador e, com incentivo adequado, puderam progredir até o nível profissional. Portanto, apoiar e investir no esporte amador é fundamental para que o Brasil continue a descobrir e desenvolver talentos”, conclui Moara Miranda.