A descrença e a homenagem ao azarão no judô

FOTO: Reprodução

Por Kolberg Luna*

O judô brasileiro chegou com muita expectativa em Barcelona/1992, depois que Aurélio Miguel havia ganhado o ouro quatro anos antes, em Seul (1988).

Mas, os dias de competição foram passando e a esperança não estava se traduzindo em vitória ou mesmo uma boa participação.

Na zona internacional da Vila Olímpica, o treinador Paulo Wanderley, na entrevista coletiva, já mostrando uma frustração, disse para os jornalistas em relação ao dia seguinte: “Amanhã vocês não precisam passar por lá”.

Era o penúltimo dia e o Brasil estava representado pelo santista Rogério Sampaio, irmão de Ricardo Sampaio, que havia competido no judô em Seul e tinha falecido no ano anterior aos Jogos de Barcelona.

Parecia não haver espaço para surpresas e o sorteio tinha reservado ao brasileiro uma chave difícil.

Rogério era o mais alto dos competidores, com 1,78 metros e teve que cruzar com o favorito sul-coreano King Sang-Moon e com o argentino Francisco Morales, campeão dos Jogos Pan-Americanos/1991.

Na semifinal, venceu o alemão Udo-Gunter Quellmaz e, na final, o húngaro Josef Csak, campeão europeu. Nenhum deles foi páreo para o azarão brasileiro.

O judoca, de joelhos no tatame, após a luta final, de mãos postas em direção ao céu, agradecia a Deus e ao irmão à benção dourada.

Até a Rainha Sofia, da Espanha, ficou de pé para aplaudi-lo e depois foi cumprimentá-lo.

O treinador Paulo Wanderley teve dignidade ao reconhecer que errara ao não acreditar no pupilo: “Foi a surpresa mais feliz da minha vida”.

Dados de pesquisa: Brasileiros Olímpicos (Lédio Carmona), Jorge Luiz Rodrigues e Tiago Petrik)

*Servidor público, Bacharel em Direito, jornalista e escritor, Kolberg Luna empresta seu vasto conhecimento sobre pesquisa, história e curiosidades do esporte, como colaborador do BE.

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