Por Kolberg Luna*
Em 1984, a Confederação Brasileira de Futebol convidou o Fluminense, que havia sido campeão brasileiro em maio daquele ano, para representar o Brasil nos Jogos Olímpicos.
A única exigência é que nenhum jogador tivesse jogado uma Copa do Mundo. O tricolor carioca já havia assumido outros compromissos e o convite foi cair no colo do Internacional/RS.
Com a base colorada, o treinador Jair Picerni convocou outros cinco jogadores para reforçar a seleção: Luiz Henrique (goleiro da Ponte Preta), Ronaldo (lateral-direito do Corinthians), Davi (zagueiro do Santos), Chicão (centroavante da Ponte Preta) e Gilmar “Popoca” (meia do Flamengo).
A equipe chegou à medalha de prata, então um feito inédito.
O grupo era bom tecnicamente e a turma conseguiu se entender sem maiores estrelismos ou individualismos. Mas, sabe como é, né? Jogador de futebol quer jogar.
Kita, centroavante, estava na reserva de Chicão e já começava a resmungar. Após as três partidas da fase preliminar, Chicão não havia feito gol e continuava titular, enquanto Kita havia marcado no último jogo contra o Marrocos.
No fim da preleção para o jogo das quartas-de-final contra o Canadá, o treinador Picerni abriu para aqueles que quisessem falar algo ou se tinham alguma pergunta. Foi aí que o Kita levantou a mão e fuzilou:
“Professor, eu queria saber por que eu não estou jogando de saída, já que o Chicão não faz gol há três jogos”.
Kita foi o titular na semifinal contra a Itália e na final contra a França, mas não marcou, terminando a competição com um único gol. Melhor do que Chicão, que passou em branco em toda a competição.
O artilheiro do Brasil foi Gilmar “Popoca”, com 4 gols.
Dados de pesquisa: Brasileiros Olímpicos (Lédio Carmona, Jorge Luiz Rodrigues e Tiago Petrik); Milton Cruz conta suas histórias olímpicas (LANCE); Jornal do Brasil, de 09.08.1984.
*Servidor público, Bacharel em Direito, jornalista e escritor, Kolberg Luna empresta seu vasto conhecimento sobre pesquisa, história e curiosidades do esporte, como colaborador do BE.