Por Kolberg Luna*
A frase é batida: “O importante é competir”. Atribuída ao Barão de Coubertin, na verdade é de um bispo inglês. Foi popularizada pelo lorde ao ser proferido no discurso de abertura dos jogos de 1908, em Londres.
Na Olimpíada de Los Angeles/1932, a frase foi seguida à risca pela delegação brasileira. Dos sessentas atletas brasileiros que competiram, quarenta e três ficaram em último, seis em penúltimo e dois em antepenúltimo. Porém, uma participação foi especial.
Adalberto Cardoso (foto), corredor dos dez mil metros, era marinheiro do barco Itaquicê, que levou a delegação a Los Angeles. Ocorre que, por questões profissionais, o marinheiro não pôde desembarcar na cidade olímpica e continuou no navio até San Francisco, para onde seguiu carregamento de café.
Teve que, literalmente, abandonar o barco e cruzar os seiscentos quilômetros que separam as duas cidades da forma como conseguiu, ora de trem, ora de carona. Chegou ao Estádio Olímpico dez minutos antes da sua prova. Trocou o uniforme e correu descalço.
Enquanto corria, esbaforido, sua história ia sendo contada. Caiu e levantou três vezes antes de cruzar a linha final em último lugar, empurrado pelos aplausos do público que ficou sabendo naquele instante da saga do corredor brasileiro.
Dados de pesquisa: Brasileiros Olímpicos (Lédio Carmona, Jorge Luiz Rodrigues e Tiago Petrik)
*Servidor público, Bacharel em Direito, jornalista e escritor, Kolberg Luna empresta seu vasto conhecimento sobre pesquisa, história e curiosidades do esporte, como colaborador do BE.
Uma resposta
Excelente. Desconhecia esse episódio peculiar!