Os Jogos Parapan-Americanos de Santiago, no Chile, começam no próximo 17 de novembro. Daqui a exatos 11 dias o Brasil tentará manter sua hegemonia na maior competição paralímpica do continente, já que é o líder do quadro de medalhas desde a edição do Rio 2007. O encerramento do evento será no dia 26.
O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) convocou 323 atletas de 17 modalidades para representar o país em Santiago 2023. Foram chamados também 10 atletas-guia do atletismo, três calheiros da bocha e dois goleiros do futebol de cegos. O Brasil estará presente no atletismo, badminton, basquete em cadeira de rodas, bocha, ciclismo, futebol PC (Paralisados Cerebrais), futebol de cegos, goalball, judô, halterofilismo, natação, rúgbi em cadeira de rodas, taekwondo, tênis em cadeira de rodas, tênis de mesa, tiro com arco e tiro esportivo.
“Essa será a maior delegação paralímpica brasileira da história em Jogos Parapan-Americanos. Só temos a agradecer a todas as confederações, clubes, treinadores, equipes multidisciplinares e atletas pela dedicação e árduo trabalho desenvolvido ao longo dessa jornada. Esperamos manter o ritmo e o desempenho das nossas últimas participações. Nossos atletas chegam muito bem preparados aos Jogos e a nossa expectativa é de que trarão muitas medalhas para o Brasil”, afirmou Mizael Conrado, eleito melhor jogador de futebol de cegos do mundo em 1998, bicampeão paralímpico da modalidade (Atenas 2004 e Pequim 2008) e presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro.
Na última edição do Parapan, em Lima, no Peru, em 2019, o país entrou para história com recorde de conquistas. A delegação brasileira chegou à inédita marca de 308 medalhas, entre as quais 124 de ouro, 99 de prata e 85 de bronze. Nunca nenhum país alcançou tantas vitórias em uma única edição de Parapan.
A ida da delegação brasileira para a capital chilena será dividida em grupos. O primeiro embarque está previsto para acontecer no dia 12 de novembro.
Confira outras 10 curiosidades sobre a participação do Brasil no Parapan de Santiago:
1. Medalhas
Até o momento, o Brasil já conquistou 1.334 medalhas na história dos Jogos Parapan-Americanos (Cidade do México 1999, Mar Del Plata 2003, Rio 2007, Guadalajara 2011, Toronto 2015 e Lima 2019), período em que a competição ganhou a chancela do Comitê Paralímpico Internacional (IPC). Na capital chilena, o país pode chegar à marca das 1.500 medalhas. A melhor campanha brasileira foi em Lima, com 308 medalhas, sendo 124 de ouro, 99 de prata e 85 de bronze. O segundo melhor desempenho aconteceu em Toronto 2015, quando o país somou 257 pódios no total – 109 ouros, 74 pratas e 74 bronzes.
Nas quatro últimas edições, Lima 2019, Toronto 2015, Guadalajara 2011 e Rio 2007, o Brasil terminou o Parapan na primeira posição do quadro de medalhas.
2. Pelo Brasil
Ao todo, os 323 atletas com deficiência convocados pelo CPB representam 23 estados do país e o Distrito Federal. Apenas Mato Grosso, Tocantins e Alagoas não estão representados na delegação brasileira neste Parapan. A maioria é paulista: 86 participantes. O Brasil ainda tem 35 fluminenses, 25 mineiros, 24 paranaenses, 16 pernambucanos, 15 brasilienses, e 12 catarinenses, paraenses e potiguares, como as principais regionalidades presentes em Santiago.
3. Mais convocados
O atletismo conta com o maior número de atletas na convocação: 60, sendo 35 homens e 25 mulheres, além de 10 atletas-guia. Campeões paralímpicos e mundiais como os lançadores Alessandro Silva e Beth Gomes, o velocista Petrúcio Ferreira e o fundista Yeltsin Jacques estão entre os convocados. O atletismo é uma das modalidades mais vencedoras na missão brasileira em Jogos Parapan-Americanos. Em Lima 2019, foram conquistados 82 pódios no total nas provas de pista e campo, sendo 33 ouros, 26 pratas e 23 bronzes.
Já a natação conta com o segundo maior número de atletas na convocação, sendo 21 homens e 17 mulheres. Campeões paralímpicos e mundiais como Carol Santiago (S12 – baixa visão), Gabriel Araújo (S2 – limitações físico-motora), Gabriel Bandeira (S14 – deficiência intelectual), e Talisson Glock (S6 – limitações físico-motora) estão entre os convocados. A natação também é uma das mais vencedoras na missão brasileira em Parapans. Somente em Lima 2019, foram 127 pódios conquistados no total, sendo 53 ouros, 45 pratas e 29 bronzes. A Seleção Brasileira de natação paralímpica foi ao Peru com 40 atletas.
Badminton, com 31 atletas, tênis de mesa (26), basquete em cadeira de rodas (24), e halterofilismo (20) e taekwondo (20) estão também entre as maiores Seleções Brasileiras com maior número de atletas na competição na capital chilena. Em contrapartida, tênis em cadeira de rodas, com seis atletas convocados, e tiro com arco (cinco), serão as modalidades com a menor quantidade de participantes brasileiros em Santiago 2023.
4. De volta
Dentre as 17 modalidades presentes nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023, a novidade é o retorno do tiro com arco, que ficou de fora do programa da competição em Lima 2019, no Peru. A última edição de Parapan que havia contado com as provas do tiro com arco foi em Toronto 2015, no Canadá. Na ocasião, o Brasil foi representado por nove atletas e conquistou três medalhas, sendo duas de ouro e uma de prata.
Em Santiago, a Seleção Brasileira da modalidade estará representada por cinco atletas: o paranaense Andrey Muniz, os cearenses Eugênio Franco, Helena de Moraes e Tércia Figueiredo, além do paulista Heriberto Roca. Deles, somente Helena e Tércia são estreantes em Jogos Parapan-Americanos.
5. Tipos de deficiência
A maioria dos convocados para representar o Brasil na competição na capital chilena é de atletas com deficiência física: são 247 dos 323 atletas que vão representar o país (ou 76,5% do total). Estão entre eles nomes como o velocista paraibano Petrúcio Ferreira, tricampeão mundial e bi paralímpico da classe T47 (com deficiência nos membros superiores), a pernambucana Andreza Vitória, campeã mundial pela classe BC1 (que têm a opção de auxílio de ajudantes) da bocha, e a halterofilista Mariana D’Andrea, que tem nanismo, atual campeã mundial na categoria até 79kg em Dubai 2023, entre outros.
Também serão 65 atletas com deficiência visual, uma representatividade de 20,1% do total da Seleção Brasileira convocada. A nadadora pernambucana Carol Santiago (classe S12), dona de oito medalhas, sendo cinco ouros, no último Mundial de natação, em Manchester 2023, a velocista acreana Jerusa Geber (T11), atual campeã mundial, e o jogador brasiliense de goalball Leomon Moreno, tricampeão mundial e ouro nos Jogos de Tóquio 2020, estão entre eles.
Já competidores com deficiência intelectual serão apenas 11 (ou 3,4% do total), como a fundista piauiense Antônia Keyla, medalhista de prata nos 1.500m pela classe T20 no Mundial de Paris 2023, o velocista paulista Samuel Conceição, campeão mundial nos 400m T20 em Paris 2023, e o nadador paulista Gabriel Bandeira, campeão paralímpico e mundial pela classe S14.
6. Caçulas
A caçula da Seleção Brasileira nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023 será a paranaense Kauana Beckenkamp, do badminton. Nascida em 10 de setembro de 2009, na cidade de Marechal Cândido Rondon, a jovem terá 14 anos durante as disputas do Parapan.
Kauana nasceu com uma má-formação congênita que ocasionou ausência de tíbia na perna esquerda. Foi convidada aos 10 anos para praticar badminton convencional por um professor. A atleta Edwarda de Oliveira, também convocada para Santiago 2023, foi quem a apresentou ao badminton paralímpico.
A mesatenista carioca Sophia Kelmer, a gaúcha Laura Fontoura, do badminton, e os nadadores paulistas Alessandra dos Santos e Victor Almeida, todos com 15 anos, também estarão entre os mais jovens do Brasil.
Já o mais experiente do país será o cearense Eugênio Franco, da modalidade tiro com arco, que disputará com o Parapan algumas semanas antes de completar 64 anos. A campeã paralímpica e mundial Beth Gomes, que compete pelo arremesso de peso e lançamento de disco e dardo pela classe F53 (que competem sentados), e o paranaense Sérgio Vida, do tiro esportivo, também estarão entre os mais experientes da delegação brasileira com 58 anos.
7. Pratas da casa
A delegação brasileira que irá representar o país em Santiago 2023 contará com cinco alunos que começaram na Escola Paralímpica de Esportes do CPB, projeto de iniciação esportiva para crianças e jovens de 7 a 17 anos. A Escolinha, como é carinhosamente chamada, é idealizada e realizada pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) desde 2018 e tem como objetivo promover a iniciação esportiva de crianças com deficiência física, visual e intelectual na faixa etária de 7 a 17 anos em modalidades paralímpicas.
O paulista Vinicius de Oliveira, da classe SH6 (atletas com baixa estatura) do badminton, conheceu o esporte paralímpico a convite de seu professor Andrew Cassiano. Começou a frequentar a Escolinha em janeiro de 2022 e, dois meses depois, disputou sua primeira competição oficial. Já o maranhense André Martins, da classe BC4 (atletas que não recebem assistências) da bocha, conheceu a Escolinha enquanto buscava na internet um meio de jogar tênis de mesa. Logo ao chegar no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, conheceu a bocha, modalidade pela qual se apaixonou. Em junho, conquistou dois ouros no Parapan de Jovens de Bogotá: individual e duplas mistas.
Na natação, há dois atletas com participação no projeto: Alessandra de Oliveira, da classe S5 (limitação físico-motora), e Victor dos Santos Almeida, S9 (limitação físico-motora). ambos têm 15 anos e competiram recentemente no World Series da modalidade. A paulista Alessandra foi ouro nos 50m borboleta e 100m peito pela categoria júnior. Já Vitinho, como é conhecido o nadador, conquistou duas medalhas de ouro: 400m livre (júnior) e 100m costas (adulto).
Por fim, no atletismo, a paulista Marcelly Pedroso, da classe T37, teve seu talento descoberto nas aulas da Escola Paralímpica de Esportes e participará de sua primeira competição multidesportiva representando as cores do Brasil. Marcelly tem paralisia cerebral, resultado de falta de oxigenação no momento do parto. Conheceu no esporte paralímpico aos 16 anos, por incentivo de tios que a levaram para uma visita no CT Paralímpico.
8. Vagas para Paris 2024
Na competição que será realizada no Chile, os brasileiros vão em busca de uma vaga direta para Paris 2024 em oito modalidades: basquete em cadeira de rodas, bocha, goalball (apenas no feminino), rúgbi em cadeira de rodas, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas, tiro com arco e tiro esportivo. Além delas, outras duas modalidades em Santiago – futebol de cegos e goalball masculino – também vão garantir um lugar nos Jogos Paralímpicos no ano que vem. O Brasil tem vagas asseguradas em ambas por já ter atingido a critérios pré-estabelecidos de qualificação.
No Parapan, os critérios de classificação diferem de modalidade para modalidade. No tênis de mesa, por exemplo, somente os medalhistas de ouro no individual no Parapan garantem vaga para Paris. Os demais competidores desta modalidade no Chile só vão poder adquirir pontos para o ranking mundial, que também será critério de classificação para os Jogos Paralímpicos. Saiba como serão as condições para o Brasil conseguir uma vaga direta para Paris 2024 em cada modalidade no Parapan de Santiago clicando aqui.
9. Mulheres x homens
A delegação brasileira que disputará as provas em Santiago terá 41,17% de atletas mulheres – são 133 convocadas femininas ante os 190 homens competidores. A Seleção de atletismo é a que convocou mais atletas do sexo feminino entre todas. São 25 mulheres que vão representar o país nas provas de pista, saltos e campo em Santiago.
As Seleções Brasileiras de badminton e de natação, com 17 mulheres cada, são outras duas modalidades com grande quantidade feminina na delegação nacional. No Parapan 2023, três equipes do Brasil vão contar com maior representação de mulher durante as disputas: badminton, com 54,8% do total (17 a 14), taekwondo, com 55% (11 a 9), e ciclismo, com 53,3% (8 a 7).
10. Renovação
Cerca de 40% de toda a delegação brasileira que vai disputar os Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023 é estreante – 132 dos 323 atletas convocados vão competir na maior competição paralímpica do continente pela primeira vez. Atletismo, com 25, e badminton, com 22, são as modalidades do Brasil com mais novatos em Parapans.
Patrocínios
As Loterias Caixa e a Braskem são as patrocinadoras oficiais do atletismo. As Loterias Caixa são a patrocinadora oficial do badminton, basquete em cadeira de rodas, bocha, futebol de cegos, goalball, judô, halterofilismo, natação, rúgbi em cadeira de rodas, tênis de mesa e do tiro esportivo.