Em geral, “o brasileiro é um Narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade”. Foi o que escreveu certa vez Nelson Gonçalves, sobre a mania do brasileiro de criticar o próprio país. O chamado complexo de vira-lata.
Mas, no caso específico das ligas profissionais de futebol, a crítica faz todo sentido. E não é complexo de vira-lata.
O brasileiro não valoriza um produto que vale ouro e quando pensa em lapidá-lo entra em campo a politicagem velha de guerra.
Principal esporte do país, o futebol ainda não é valorizado como deveria ser. Principalmente, o Campeonato Brasileiro.
Aliás, quando se fala em Brasileirão lá fora, muita gente fica sem entender, porque o significado da palavra brasileirão seria um homem grande.
Nas principais praças da Europa e mais recentemente nos Estados Unidos e Arábia Saudita, as ligas são muito valorizadas e atraem grandes marcas e muito dinheiro.
No Brasil, a CBF resolveu valorizar mais a Copa do Brasil, chamado de torneio mais democrático do país por envolver equipes dos 26 estado e do Distrito Federal.
Entendendo a importância de valorizar o maior campeonato do país, os clubes resolveram se unir para criar a tão sonhada liga, que rende verdadeiras fortunas para os ingleses, com a Premier League, por exemplo.
Mas, a politicagem já entrou em cena e dividiu os clubes em dois grupos, que tentam negociar com investidores, conforme seus interesses.
Como bem disse Leonardo, ex-lateral da Seleção e que agora é dirigente do PSG, para ser mais valorizado e compreendido pelo resto do mundo, o Campeonato Brasileiro deveria, primeiro, mudar de nome.
Depois, criar uma marca que impulsione o produto para que tenha o interesse de patrocinadores.
EUA e Arábia, países que não têm tradição no futebol, saíram na frente não só por entender que o futebol é um produto com potencial comercial, mas por interesse em sediar uma Copa do Mundo FIFA.
Os EUA já vão sediar novamente o próximo Mundial, em 2026, em parceria com Canadá e México. Os árabes tentam se candidatar à Copa de 2034.
Além de profissionalizar a competição, valorizando a marca e atraindo investidores e patrocinadores, EUA e Arábia seguiram os mesmos passos das ligas europeias e estão contratando estrelas.
Messi, no Inter Miami, e Cristiano Ronaldo, no Al-Nassr, são as provas do investimento feito pelas ligas dos dois países.
Ao avaliar o atual cenário do futebol mundial, fica a impressão, numa comparação com as principais praças futebolísticas da Europa e, mais recente, dos EUA e Arábia Saudita, que só o Brasil não valoriza o seu produto. Até quando?
Será que os clubes brasileiros vão chegar a um denominador comum e, finalmente, criar uma liga forte e valorizada, a partir de 2025, ou vão ficar nesse joguinho político sem fim, cada um olhando para o seu próprio umbigo? A ver…