O técnico Bernardinho já foi responsável por desenvolver inúmeras jogadoras no vôlei brasileiro e mundial. Mas ele também teve papel fundamental na carreira de uma atleta, que vai se tornando o principal nome do ciclismo de estrada do país: Ana Vitória Magalhães.
Tota, como é conhecida, tem colecionado resultados expressivos nos últimos anos. O último deles foi no fim de semana, quando sagrou-se campeã brasileira da modalidade, mesmo com apenas 22 anos. E isso se deve muito ao vitorioso treinador, que também disputa provas de ciclismo.
“Minha família toda pedala, são 25 ciclistas na família, mesmo amadores. E todo ano fazem o pedal de Natal. Aí que queria participar. Minha mãe disse que eu tinha que treinar para participar. Eu comecei, peguei gosto pelo esporte. Me formei na escola, conciliava os treinos, mas sempre como paixão, sem competir. Quando terminei a escola, falei com meu treinador que eu queria tentar ganhar uma prova. Eu gosto da adrenalina, da velocidade. Queria ver quais eram os meus limites”, contou ela.
“Fui para a prova, lembro que estava voltando, e o Bernardinho ganhou a prova. Ele é muito meu amigo, é fantástico. A gente estava conversando, ele perguntou o que eu queria para o meu futuro. E foi o empurrão que eu precisava para me jogar nesse mundo do ciclismo profissional. Era um mundo desconhecido pra mim e assim começou a caminhada”, explicou.
Apesar do sucesso no ciclismo e da influência do renomado treinador de vôlei, foi no futebol que Tota Magalhães encontrou sua primeira paixão.
“Futebol sempre foi meu primeiro esporte. Comecei a jogar desde novinha, meu pai e meus irmãos amam o futebol como eu. Hoje sou só torcedora, é uma diversão. Claro que não posso jogar pelo perigo de me machucar, mas acompanho e virou uma diversão para os dias livres. Com 14 anos fui chamada para fazer o ensino médio nos Estados Unidos com bolsa por causa do futebol. Mas eu não quis ir, não quis abrir mão da família. E vi que se eu não quis ir, é porque eu não queria o futebol como profissão. Então eu foquei nos estudos”, falou.
A escolha pelo ciclismo de estrada vai se mostrando cada vez mais acertada. Além de se consolidar como o principal nome do país na modalidade, Tota Magalhães compete atualmente por uma equipe espanhola, a Bizkaia Durango. Segundo ela, isso é fundamental para sua evolução.
“O mais alto nível do ciclismo acontece na Europa. Estar morando na Espanha me tira da zona de conforto. Eu preciso estar competindo contra os melhores, correndo provas do mais alto nível para ser uma delas um dia, além de tentar abrir portas para mais meninas da nova geração viverem isso que eu vivo: estar no alto nível, correr as melhores provas do mundo, estar rodeada dos melhores atletas… Tentar abrir portas. O ciclismo brasileiro tem muita qualidade e merecemos estar entre as melhores”, analisou.
Dentre os ótimos resultados obtidos por Tota recentemente, um deles deixou o Brasil muito perto da vaga nos Jogos Olímpicos Paris 2024. A quinta posição no Campeonato Pan-americano, no Panamá, em abril, provavelmente dará a classificação ao país. O que enche a atleta de orgulho e faz com ela se veja no caminho certo em busca de seus sonhos e objetivos no esporte.
“No meu quarto, no Brasil, eu tenho na frente da minha cama os aros olímpicos. Todo dia que acordo de manhã eu olho para eles. É o meu maior sonho no esporte. Saber que posso ter ajudado por essa vaga pro Brasil é um motivo de muito orgulho”.
“Tenho 22 anos e tenho meus objetivos muito claros na cabeça, onde eu quero chegar. Sempre falo que eu não tenho pressa, mas eu tenho rumo. Quero colocar o ciclismo brasileiro em outro patamar, participar dos Jogos Olímpicos, quem sabe conquistar uma medalha… São metas minhas, que pouco a pouco vou conquistar”, completou.