O dia da mulher foi concebido como uma data para homenageá-las, passando a ser comemorado em alusão à busca pela igualdade de condições entre homens e mulheres. Dentro do esporte os resultados são animadores para o Comitê Olímpico do Brasil (COB), que tem desenvolvido uma série de medidas visando o fomento da prática do esporte feminino.
Desde os Jogos Olímpicos de Tóquio de 2020, as mulheres assumiram maior destaque tanto na representatividade quanto nos resultados alcançados pelo Time Brasil. Em número, no país asiático, elas eram 48,8% do total de atletas participantes, proporção mais igualitária de todas as edições dos Jogos. E, na delegação brasileira, que teve sua melhor participação na história, elas fizeram a diferença: foram responsáveis por 9 das 21 medalhas conquistadas , obtendo uma proporção recorde de 42,86%.
Já no ano de 2022, novo destaque para as mulheres, que foram responsáveis por mais da metade das medalhas do Brasil no ano: 12 das 23 conquistadas. Dentre os ouros, cinco dos sete foram alcançados por elas. As atletas que subiram ao lugar mais alto do pódio foram a dupla Duda e Ana Patrícia, do vôlei de praia; Mayra Aguiar e Rafaela Silva, do judô; Rebeca Andrade, da ginástica artística; e Rayssa Leal, do skate.
“É nítida a evolução nos últimos anos e o objetivo é aumentar esse espaço cada vez mais. Nosso papel é atuar em várias frentes, para que as mulheres do esporte de alto rendimento tenham todo o respaldo necessário para se desenvolverem e competirem com o máximo do seu potencial. Aos termos grandes referências de sucesso feminino, outras meninas se sentirão motivadas a seguir a mesma trajetória, o que se torna um ciclo virtuoso para o cenário olímpico do país”, observa Paulo Wanderley, presidente do COB.
A preocupação da entidade em promover a valorização feminina no esporte olímpico brasileiro e diminuir a disparidade entre os gêneros não vem apenas de agora. Há cerca de um ano e meio foi criada a área Mulher no Esporte do COB, que desde então realiza projetos nesse sentido.
Comissão da Mulher no Esporte
Visando ajudar no bem-estar e no desenvolvimento de atletas e colaboradoras, o COB tem promovido ações para a valorização e o fortalecimento das mulheres, como a Comissão da Mulher no Esporte, o Fórum da Mulher no Esporte, o Canal tira-dúvidas de Saúde da Mulher, entre outras iniciativas.
Mais recentemente, a entidade lançou um edital relacionado ao Programa de Desenvolvimento do Esporte Feminino. Por meio de parcerias com as Confederações, o intuito da publicação é promover ações relevantes que integrem programas em prol do desenvolvimento e capacitação de atletas, treinadoras, árbitras e gestoras.
Ainda no primeiro semestre de 2023, os cursos ofertados pelo COB, através do Instituto Olímpico Brasileiro, passarão a contar com mais um módulo, voltado à Equidade de Gênero e intitulado “Equilibrando o Jogo: práticas de inclusão de meninas e mulheres na comunidade esportiva”. As formações são voltadas a gestores, treinadores, atletas, profissionais das ciências do esporte, entre outros públicos.
A expectativa para Paris 2024 é que o número de atletas homens e mulheres seja igual pela primeira vez na história. A coordenadora da área Mulher no Esporte do COB, Isabel Swan, que é ex-atleta e medalhista olímpica, ressalta questões que contribuem para o paradigma histórico de menos mulheres praticando esporte.
“Os principais desafios são a taxa de evasão dos esportes maior que nos homens. Por vários motivos, desde o não estímulo da família, até em função de papéis estereotipados de gênero – muita gente ainda encara que alguns esportes devem ser praticados apenas por homens-, chegando à parte de falta de inclusão e voz, além do treinamento não focado em mulheres, considerando as nossas especificidades”, afirma.
Apesar disso, a ressalva é feita para os novos rumos nos esportes de alto rendimento: “Estamos chegando a uma igualdade em número de praticantes, inclusive sempre subindo com o número de conquistas de medalhas. Nesse cenário, o COB está realizando uma série de ações que visam fortalecer as mulheres, principalmente com a criação da Comissão da Mulher no Esporte, que tem atuado em várias frentes e já vem colhendo frutos”, complementa Swan.