Olimpíadas de Atlanta: A troca de medalhas no judô

FOTO: Reprodução

Por Kolber Luna*

Aurélio Miguel Fernandez começou a lutar judô aos três anos de idade. Sempre levou a sério o propósito de ser um judoca e fez vários estágios no Japão, berço do esporte. É paulista e, como o sobrenome sugere, filho de espanhóis.

Poucos meses antes da Olimpíada de Seul/1988, um emissário espanhol fez a proposta de 5 mil dólares mais casa, comida e quimono lavado para que lutasse defendendo a terra dos pais. Decidiu abdicar do dinheiro para ficar com o ouro para o Brasil na categoria pesado.

Nem por isso deixou de fazer homenagem aos pais. No seu quimono, na parte de cima estava bordado “Aurélio Miguel”, quase o nome de seu pai – Aurélio Miguel Marin.

Na calça, tinha “Aurélio Fernandez”, nome da mãe – Maria Catalina Fernandez – que havia falecido dois anos antes. Foi a ela que Aurélio Miguel dedicou a medalha, em 1988.

Em 1996, em Atlanta, o ouro não se repetiu. Subiu ao pódio desta vez para receber o bronze na categoria meio-pesado.

Após a festividade de premiação, acariciando sua conquista, Aurélio observou a inscrição half-heavy-weight, nome de sua categoria em inglês. Ao lado, porém, o peso denunciava o engano: 72kg, que é o limite para a categoria feminino. A medalha masculina deveria ter 95kg.

Esperou que o Comitê Organizador reparasse o engano. Como isso não se resolveu, tratou pessoalmente de receber o que lhe era por direito e procurou na Vila Olímpica a italiana Yelena Scapin, que estava de posse da medalha de bronze masculina e fizeram a troca.

Dados de pesquisa: Brasileiros Olímpicos (Lédio Carmona, Jorge Luiz Rodrigues e Tiago Petrik)

*Servidor público, Bacharel em Direito, jornalista e escritor, Kolberg Luna empresta seu vasto conhecimento sobre pesquisa, história e curiosidades do esporte, como colaborador do BE.

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